quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Culpa: Uma abordagem bíblica e patológica


 1. Uma abordagem bíblica da culpa

"Sentimento de culpa é a lembrança viva, insistente é deprimente de algum procedimento errado aos olhos de Deus, de conhecimento privado ou público, recente ou remoto, provocado pela falta de arrependimento, confissão e perdão."

       Culpa é aquele apito do guarda de trânsito que nos faz parar, aquele aguilhão que nos machuca, aquele peso que nos oprime, aquela sirene que não para de tocar. O sentimento que faz surgir um conglomerado de emoções desconcertantes, como medo, vergonha, remorso, baixa autoestima, nervosismo, desespero ( claro! dependendo do mal praticado). A culpa está emparelhada com a sensação de nudez moral. Nos casos mais intensos e mais graves não resolvidos, pode resultar em suicidou, como o caso de Judas.

      Enquanto não é imaginário nem doentio, o sentimento de culpa é uma graça de Deus, uma dor que cura, uma terapia saudável. Sem o peso da mão de Deus, dia e noite sobre sua cabeça, o tumor da culpa do rei Davi nunca seria espremido nem curado. Suas transgressões só foram perdoadas e seus pecados só foram apagados depois do incômodo da culpa, salmo 32. Mas a culpa não é um medicamento de uso contínuo. Uma vez bem sucedida no sentido de levar o paciente a admitir o pecado cometido, a se arrepender dele é a confessá-los sem rodeios, diretamente a Deus, a culpa se retira é só volta quando tiver de cumprir mais uma a mesma missão. O crente comete uma tolice e sofre desnecessariamente quando, depois de perdoado por Deus - contra quem em última análise pecou, continua a hospedar a culpa.    

     Para escapar da culpa, da vergonha e do escândalo, muitos pecadores tomam providências inúteis. Costumam abafar, acobertar, encobrir, esconder ou ocultar o pecado cometido. Outra providência de pouca duração é negar o que fato aconteceu. A família e as autoridades civis ou religiosa às vezes tentam engavetar o processo ou desqualificar os denunciantes ou as vítimas  em benefício  do verdadeiro culpado. Outro expediente que o transgressor  toma é inverter a culpa, como Adão fez: "foi a mulher que me deste por companheira que deu o fruto da árvore, e eu comi"(Gn 3.12). Culpa-se o diabo, os poderes ocultos, o decote da mulher alheia, o celibato, a genética, a educação recebida no lar, as oportunidades para o mal ( ex. Convite da mulher de Potifar) e coisas assim. Nem sempre a tolerância corrige o faltoso. A restauração de Davi só começou quando o profeta com dedo em riste falou para ele: " tu és o homem"(2 Sm 12.7). Nesse exato momento, Davi, o adúltero e assassino, abriu os olhos para sua "culpa" é sua "mancha" e subiu o primeiro degrau da  restauração.

      A palavra de Deus lança mão de pelo menos quatro iilustrações para mostrar que a culpa é de fato removida pela graça de Deus depois do tratamento dispensado pelo pecador. 

      No antigo testamento se usa a ilustração do cordeiro emissário. Mas o que significa bode emissário?  Todos os anos, no dia 10 do sétimo mês calendário judaico, realiza-se em Israel o dia do perdão, por meio do qual conseguia-se o perdão dos pecados de todo povo judeu. Depois do sacrifício do cordeiro vivo e confessava todas as iniquidades, as rebeliões e os pecados dos israelitas, colocando-os sobre a cabeça do animal, que, em seguida, era levado para muito longe, para o deserto, onde ficava para sempre ( Lv 16. 21-22).

     A segunda ilustração, é a ilustração da neblina. Mas como o perdão é realizado?
A palavra de Isaías a Israel por volta do ano 70 antes de Cristo não poderia ser mais amável e cheia de misericórdia, veja o que dizia a palavra de Deus: Eu faço desaparecer as suas ofensas, como se fosse uma nuvem; como o sol faz desaparecer a neblina da manhã, assim eu faço desaparecer os seus pecados. Portanto volte para mim, porque eu já paguei o preço do seu resgate Is 44.22. O que Isaías quer nos dizer? Eu apaguei a lista de todos males que você cometeu. Não restou nada dos seus pecados, mas volte para mim, volte! Eu salvei você. Diante de tais palavras, é absoluta falta de bom senso carregar uma culpa que não existe mais.

       A terceira ILUSTRAÇÃO é a da profundeza do mar, mas uma vez, como está ilustração vai clarear a remoção de um sentimento de culpa? O profeta Miqueias, contemporâneo de Isaías dar uma notícia incrível ao povo de Israel e a todos que adoecem, física e emocionalmente, por continuarem sob a pressão da culpa, sem que haja a menor razão para tanto. Dirigindo a Deus, Miqueias diz: De novo terás compaixão de nós, pisarás as nossa maldades e atirarás todos os nossos pecados nas profundezas do mar. Me 7.19.

A quarta e última, vem a ilustração da conta a pagar. Esta ilustração já foi dita pelo próprio Jesus, quando ele disse, em súplica colocou na oração do pai-nosso: "Perdoa as nossas dívidas".  Cada pecado cometido gera uma nota de débito. Muitos pecados cometidos geram muitas contas a pagar, uma dívida enorme tão impagável quanto a do homem que devia ao seu senhor uma dívida equivalente a trezentas toneladas de prata( Mt 18.24). Não importa o valor,  dívida é sempre dívida , nota de débito é sempre nota de débito, conta a pagar é sempre conta a pagar, manuscrito que deixa a descoberto o montante da minha dívida é sempre um documento válido conta mim. Se eu pedir emprestado mil toneladas de prata a trezentas pessoas diferente , continuo devendo trezentas toneladas de prata a cada um deles. A situação é insolúvel até que o próprio credor, por iniciativa própria e por sua maravilhosa graça, jogue na fogueira - mais ardente do que a fornalha acesa por Nabucodonosor - o manuscritos que me declara devedor. É isso que Deus faz: Deus perdoou todos os nossos pecados e anulou a conta da nossa dívida, ele acabou com esta conta, pregando-a na cruz ( Cl 2.13-14). Quando fico sabendo do significado da Cruz e passo a crer na expiação dos meus pecados por meio de Jesus, devo então, me considerar definitivamente livre do sentimento de culpa.


2. Uma abordagem patológica da culpa

     Uma associação entre pecado , doença e impureza esteve presente em praticamente todas a expressões religiosa. Entre os judeus , temos as prescrição de purificação no livro de Levítico e em outras passagens. Em algumas religiões há processos de santificação que passam por autoflagelação  e penitências, as quais funcionam como catarse na busca de alívio da consciência pela mortificação, na tentativa desesperada de acertar-se com o mundo espiritual. Estas manifestações demonstram o quanto as representações do sagrado vinculadas aos afetos da alma estão inscritas no psiquismo humano. Nesse sentido, é significativo o drama da vida de Cristo, apresentado como o cordeiro do sacrifício expiatório e substitutivo.

       No que diz respeito às culpas do dia a dia, existem as "reais" e as "imaginárias", as "fabricadas" e a "neurótica". Contudo, há também esperança para quem sofre de culpabilidade patológica.
      Algumas pessoas, em uma conversação rotineira, pedem  desculpas por qualquer motivo, seja por tossir ou por escorregar na cadeira. Este cacoete linguístico indica um cuidado constante para não errar é uma tentativa de acertar ou agradar sempre. Quando percebo pessoas com comportamento desta natureza, que pedem dez-culpas a todo tempo, digo não tem dez, nem nove , nenhuma culpa; decifrando o jogo linguístico, elas costumam sorrir e se desarmam. Com alguma ajuda poderão se sentir mais livres  para desfrutar da existência sem medo, que é o que Deus deseja para todos.
       Por outro lado, há pessoas denominadas pela escrupulosidade e obsessividade constrangedora e limitante. Não querem incomodar e nem errar, e filtram tudo. Sentem-se erradas sempre e pedem desculpas até por existir. São inseguras, possuídas por um senso moral rígido e alimentadas por noções inadequadas a respeito de si mesmas. Descobre-se nelas, com frequência, um histórico de fortes cobranças e moralismo nas relações familiares vindo de pais e mães castradores, pregações acusadores ou outras ameaças. Essas pessoas aprenderam a desconfiar de se mesmas, a sofrer e a não desfrutar da vida. Incorporaram noções exageradas de culpa e impureza. Não sabem como descansar na graça de Deus, que está disposto a acolhê-los, pois carregam um enorme fado de culpa - neurótica, aprendida,que complica a situação. Um gracioso processo de aconselhamento ou psicoterapia pode quebrar as distorções, promover uma reordenação cognitiva ( conhecerei a verdade a a verdade vos libertará ) e libertá-las emocional e espiritualmente.
      Também existem pessoas que dificilmente admite estar erradas. Sofrem quando tem que pedir desculpas. Pedir perdão é ainda mais difícil; só mesmo quando precisadas admitem culpa, contorcendo-se e tentando se desculpar. Ser "durão" é algo encorajado em certas culturas. Na hedonista cultura brasileira, por exemplo, celebra-se um glamourização do transgressivo, estimula-se a esperteza e a busca de vantagem em detrimento do outro. Não existe pecado do lado de baixo do equador , e o que se canta. Os excessos deste processo cultural podem ser percebidos tanto nos territórios dominados pelos traficantes e policiais, como na corrupção política que dirige o país. Pena que estes poderosos não se sentem culpados! Como fazem falta pessoas como João Batista para enfrentar  tamanha insensibilidade ética.
      Um ser humano bem constituído é capaz de sentir e respeitar limites próprios e do outro. Só é possível o laço social quando se tem lei sobre todos. No plano individual, carregamos ou somos ativados pelo superego, nosso dinamismo ético - espiritual, a consciência trabalha pela lei e adquirida no processo de educação e formação de caráter, o que nos faz humanos maduros, responsáveis, capazes de sofrimento e fraternidade. Quando ele falha, temos difíceis processos de reeducação e socialização pela frente.
    O caso extremo da psicopatologia é a psicopatia. O psicopata é o narcisista frio, alguém incapaz de sentir culpa  ou remorso. O contrario, então, a capacidade de sofrer com a culpa, é sinal de vitalidade do equipamento psíquico, da existência de sensor moral é vida espiritual, de humanidade preservada.

3. Culpa e religião

"Felizmente, para qualquer pessoa - mesmo as mais afetadas por má educação, violência psíquica, bullying espiritual - é possível uma cura substancial dos transtornos e a retomada de uma vida digna"

      Alguns líderes cristãos são criadores e vítimas de imagens doentia de Deus, de um deus pequeno, complexado, vingativo, narcisista, semelhante a um guarda de trânsito sem misericórdia que fica nas esquinas escondidos para flagrar o faltoso para puni-lo. Assim se faz um deus diabólico, doentio.        Esse tipo de mensagem sobre Deus causa muito sofrimento, gerando nas pessoas sentimentos persecutórios e sensação de impotência e ausência de perdão. Pinta-se um deus instável, arbitrário, não confiável, como as divindades pagãs, que precisam ser aplacadas com sacrifício. Assim, de forma maldosa, sádica e até criminosa temos indústria religiosa do medo, que explora a franqueza de pessoas incultas e incautas. A periferia de algumas cidades grandes, como por exemplo São Paulo,  vêem-se cristãos paupérrimos e angustiados devido a cobrança de dízimos. Nas emissoras de rádio e televisão cultiva-se o medo: a pessoa tida como indigna de Deus pode perder a a salvação, ser tratada como herege e excluída da comunidade, dependendo do julgamento de terceiros. Isso aprofunda as fissuras psíquicas pre-existentes e adoece a relação com Deus.
         Tanto os sentimentos quanto as habilidades funcionais são ensinados pelos pais e demais instâncias formadoras. Aos conteúdos que se quer inculcar na criança e no adolescente agrega-se a carga emocional que acompanha o processo de socialização e educação. Este é um fenômeno universalmente e aplica-se a todos os âmbitos da vida, notadamente em questão de orientação religiosa e é de ordem sexual. Está presente na família, na igreja, na sinagoga, na mesquita ou no terreiro e é elemento decisivo para a saúde mental das futuras gerações.  Se a instrução vem pela via amorosa, afirmativas e paciente, encontramos pessoas emocionalmente saudáveis, com raciocínio mais tranquilo. Pais e mães que funcionam como nutridores emocionais espelham uma imagem de Deus amorosa, forte, justa, encorajadora. No entanto, se Deus é expresso com rigidez, criticismo, suspeitas e castigos, encontramos pessoas inseguras, sofridas e com dificuldades de crer na graça incondicional.  Assim, a construção da identidade segura, amorosa, ética tem a ver com os padrões desenvolvidos.
       Podemos ser controlados por culpas neuróticas, falsas e culturais. Algumas delas vem por meio da imposição legalista da cobrança de dízimos nas igrejas, medo por não cumprimento do tempo de jejum, de não ter orado ou lido a Bíblia suficientemente, de não ter participado de alguma campanha. Jesus lidava com pessoas de modo diferente. Aquele que estava oprimido encontrava acolhida, graça, proteção e respeito a sua individualidade.
        Há a autêntica culpa, sabida ou oculta, que é a transgressão objetiva e real do mandamento do amor. Neste caso, o Espírito Santo incomoda, esclarece, induz ao arrependimento e perdoa. Sl.19.12-13. Somos perdoados e libertos quando submetemos a nossa consciência ao Espírito de Deus e clamamos por perdão e graça aquele que sonda a mente e os corações. Pode orar assim: "Tu, Senhor, que sonda o meu interior e sabe o que há em mim, torna-se consciente de minhas faltas e guia-me pelo caminho da retidão".
       Para quem, mesmo sendo dedicado à oração, ainda se sente ameaçado pelas lembranças de pecados, um conselho: busque ajuda de um bom profissional ou de pessoas alegres e maduras na fé, que o ajudarão a desativar os mecanismos de sabotagem adquiridos. Sua mente, certamente, sofre devido à má digestão de experiências emocionais familiares, ao desconhecimento das boas novas relatadas nas Escrituras, ao estresse e a desordem psíquica. Um psicanalista ou psiquiatra poderá diagnosticar o problema, que tem reparação medicamentosa e/ou psicoterapeuta. Deus conduzirá estes profissionais, que são lápis em suas mãos.
  



      

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Coisas que destrói ou edifica uma família: Tudo começa pela inversão de valores?

                     
Texto: "Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas; pois as nossas vinhas estão em flor." Cantares 2:15

Um pai pode dizer ao filho: "Eu sei que isso não é sua responsabilidade, mas esta é a ajuda que precisamos agora." É um chessed um ato de bondade o filho ajudar aos pais.

SERÁ QUE OS PAIS AINDA PODEM DISPOR DA AJUDA DE UM FILHO?

A inversão de valores tem sido uma das grandes responsáveis por tanto desequilíbrio da família no Brasil e no mundo. Podemos observar que as situações estão indo de mal a pior, de natureza que, a boa convivência clama por socorro, as causas sociais a cada dia tornam-se insolúveis; conserta-se de um lado, enquanto do outro desarruma; todos procuram alguém para colocar a culpa, mas ninguém se aponta como culpado.
Ao longo dos anos, a sociedade - a família  vem se mostrando mais receptiva às mudanças e conceitos propagados pela mídia de um modo geral. Esta é uma geração consumidora de informações, mas que não aprendeu reter o que é bom e lançar fora o que não se aproveita; pelo contrário, a família  moderna  tem se alimentado das espinhas do peixe e tem lançado a carne maciça no lixo; isso é resultado de tanta falta de discernimento e desequilíbrio entre os grandes grupos sociais.

A olhos vistos, dia a dia está sendo colocada para as classes mais jovens uma ideia de que eles são os donos da situação, ou seja, eles estão certos, e ninguém mais está; o conceito de liberdade vai sendo aplicado de forma equivocada. Para muitos, ser livre significa infringir as leis e viver uma anarquia social. É quando entra em questão o relativismo, onde muitos se baseiam quando praticam o que é errado, onde o erro está condicionado às causas. Entretanto, furtar sempre será um crime, mesmo que seja para saciar a própria fome; e essa teoria perigosa vem colocando as pessoas em situações complicadas, onde filhos só respeitam os pais parcialmente, ou seja, os pais só merecem respeito se fizerem apenas a vontade dos filhos, caso contrário, não devem ser respeitados. A ajuda aos pais e aos filhos , que outrora era uma questão de honra e moral, está cada vez mais sendo transformado em atitudes mercenárias. Pais cobrando de filhos e filhos cobrando de pais nas atividades domiciliares.

Muitos filhos querem assumir o lugar dos pais, porque julgam que o tempo deles foi outro e que eles não sabem de nada. Observemos que nesses últimos anos tem se propagado uma filosofia de contravenção, jovens e adolescentes se envolvendo em situações que são consideradas crimes pequenosque em muitos casos é resolvido com pagamento de multas. E isso causa uma segurança para o infrator que tem dinheiro, pois julga que o seu problema se resolverá facilmente.

A sociedade moderna tem seguido rigorosamente uma ideologia sofismática. Pois existem grupos que admiram as pessoas “espertas”, mas dentro dos valores invertidos, a esperteza está vinculada com o mau caráter; onde o bom é colocado como mau, e assim por diante; a moça que não entrega-se ao sexo antes do casamento e a luxúria juvenil é taxada de “careta” ou “quadrada; o rapaz que não lança a sua vida no vício das drogas é chamado de bobo, enquanto os inteligentes não são os que alcançam “nota 10” nas escolas, mas sim, os que usam drogas lícitas e ilícitas; enquanto isso, aqueles que procuram fazer o que é correto são satirizados no meio da turma. Isso é reflexo da inversão de valores.

Mas ainda há possibilidades de transformação, mas para isso acontecer é necessário que cada um reconheça o seu lugar, em todos os segmentos sociais, em diversos grupos com diferentes ideologias, é preciso respeito com as causas para que os efeitos não surpreendam a todos.

A  FAMÍLIA E FÉ  X  INVERSÃO DE VALORES

Na sociedade contemporânea, temos observado violências, psicológicas, física e sexual, consumo de droga, pornografia e dentre estes problemas o que está destruindo as famílias? A inversões de valores? O que temos observado é que se valoriza mais as coisas do que as pessoas; mas o dinheiro  do que os relacionamentos; mais o ter do que o ser. Essa inversão de valores está  afetando a fé.  Estamos adorando mais as coisas do que a Deus, o que na verdade deveríamos adorar a Deus , amar as pessoas e usar as coisas.

A família que o nosso maior tesouro, nosso melhor patrimônio está sendo colocado em segundo plano com relação às coisas ( estudos, mestrados, trabalhos, etc). Adianta ajuntar dinheiro e perder a família e dissolver um casamento. Os trofeus ganhos fora do lar tem importância? Que adianta conquistar trofeus fora do lar, e sofrer a derrota dentro de casa. Veja Davi, Davi chorou quando viu sua família nas mãos do inimigo.

Comparando as famílias de anos anteriores e as de hoje, chegamos a conclusão de que existe uma inversão de valores tão oposta que é impossível não se comentar. Talvez tenha sido conveniente algumas mudanças, principalmente no que se diz respeito aos costumes éticos, morais e religiosos, mas o verdadeiro sentido do "ser" ou da "liberdade" estão de ponta cabeça.

O homem necessita de padrões de conduta, limites e princípios religiosos para se formar como ser humano equilibrado. A ausência dos valores torna as pessoas perversa e insegura, perdendo a capacidade de discernir entre o certo e o errado. Esses valores invertidos encobrem a essência do ser humano, na formação de seu caráter. Por outro lado, assusta um pouco, a velocidade em que os pais se adaptaram às mudanças, chegando a ser tolerantes com as ousadias dos filhos em fazer coisas que em outra época seria abominável.

Os pais, escolhem ser bonzinhos, compreensivos, mas omissos da responsabilidade de "educar". Colocam seus filhos em situação de risco em meio a tantas liberdades (para beber, comprar, divertir, etc.) quando aceitam os disparates da troca de valores quietos e sem protestos; se sentem perdidos, sem saber como agir em algumas circunstancias e muitas vezes se sentindo culpados por não conseguirem ter domínio sobre seus próprios filhos.

Os tempos mudaram, mas é comum ver jovens fazendo de seu carro uma arma, chegando de manhã em casa embriagados, e seus pais fingem que aceitam mas ficam angustiados, pois, sabem que seus filhos estão buscando a felicidade, e assim, nada é proibido nem errado, tudo é normal.

Antes os pais eram rígidos, tinham tempo para vigiar os filhos, tinham um certo controle sobre eles, às vezes pelo medo ou pelo respeito de fato, mas o domínio sobre eles era certo. A educação era machista. Não se proibia os preconceitos, não se defendia os direitos. Agrada em perceber que a sociedade tem evoluído muito nesses aspectos mas às vezes sem medida!

Hoje, as crianças/adolesçentes se vestem como adultos e os velhos se vestem como jovens, e jovens que se portam como fossem capazes de assumir a total conseqüência de seus atos, e os pais, se portam como crianças, quando obedecem aos filhos, sem autoridade nenhuma. Eles e os avós precisam ajudar a criar os filhos ou netos. Muitas vezes, os avós se tornam os pais dos netos, e os pais são como irmãos dos filhos, por serem muito jovens.

A família está confusa. Os pais se separam, e se revezam em dar atenção aos filhos, e esses, aprendem que casamento é temporário, ou seja, pra que casar, dura enquanto durar a paixão, se não der mais, " parte para outra".

A família está perdendo o sentido da união, da solidariedade, do apoio, da estrutura, do ensinamento, dos princípios morais e até mesmo religiosos.

O valor de um homem se mede pelos bens que ele possui e não pelo seu caráter e assim por diante. Observamos que tudo que era certo hoje é errado, e tudo que era errado, hoje é certo. A modernidade se sente só, vive seu egoísmo ausente da comunidade, sem ânimo para fazer um círculo de amizade; correndo o risco de deixar a existência se tornar instintiva e sem razão de ser.

Analisar as inúmeras situações dessas inversões de valores não é difícil, mas o foco dessa reflexão é conscientizar que o mundo poderá acabar na falta do "ser" humano." Se as famílias perderem o valor do convívio mútuo, a sociedade poderá conviver com com seres humanos selvagens, onde os "espertos" sobrevivem e sem as famílias, torna-se impossível uma vida saudável.

Refletir em nossos atos buscando o equilíbrio é necessário. Os nossos filhos precisam de muita conversa e orientação. Não se deve desistir diante o cansaço. O desânimo é o maior mal. O homem precisa entender que para ser feliz precisa ser livre da escravidão do "ter" e que as regras e limites é um meio para ficar em paz consigo mesmo e com a sociedade. Na família iniciamos esse aprendizado, e se o homem ama o próximo, poderá se sentir feliz, pois quem se sentir amado retribuirá com amor e respeito também.

Um futuro melhor, consiste na liberdade de pensar e agir mas com respeito ao outro, à natureza e consigo mesmo. A família continua sendo uma escola para o ser humano e nunca poderá se perder, nisso está o equilíbrio.

A FAMÍLIA E A IGREJA  X INVERSÃO DE VALORES

O Texto: "Apanhai-nos as raposas, as raposinhas, que fazem mal às vinhas; pois as nossas vinhas estão em flor." Cantares 2:15 pode nos ajudar a enter este contexto.

Inverter valores é perigoso! Famílias Fortes, Igrejas Fortes de Wayne Grudem e Dennis Rainey, relata Pequenas coisas que edificam ou destroem os casamentos. No texto Percebi que seus argumentos também podem ser aplicados a alguns pontos da vida familiar. Tomando por base esses argumentos iremos tratar sobre algumas problemasque as famílias estão enfrentando que geralmente são negligenciados ou menosprezados. Se os membros da família não atentarem para o cotidiano e pensar um pouco sobre como estão agindo, serão minados e quando menos perceberem estarão com a casa em “ruínas”.

Usando as palavras de Grudem e Rainey: Sãos as coisinhas pequenas, que Salomão define como raposinhas (Ct 2:15), que podem entrar sorrateiramente no relacionamento familiar e causar sério dano. De forma despercebida e silenciosa, mas eficaz, elas destroem o tecido tênue, as videiras e uvas tenras de nosso relacionamento, cuja saúde é essencial para um casamento (ou lar) feliz e gratificante.

O Texto de Cantares as raposinhas” são invasoras indesejáveis que invadem sorrateiramente o lar e podem assim destruir a harmonia e firmeza dos laços familiares. A imagem usada por Salomão reflete as vinhas que eram cercadas por muros para se protegerem das raposas que gostavam de entrar nas vinhas e se alimentarem com seus frutos ainda tenros. Quando o proprietário se descuidava as conseqüência poderia ser a de ter sua vinha destruída. Pela mesma forma são os pequenos buracos, as insignificantes brechasdeixadas nos muros de nossas famílias que podem causas grandes estragos.

I - INVERSÃO DE VALORES - A família enfrenta problemas quando os valores no lar são invertidos ou desrespeitados.

1) Inversão dos valores espirituais - A recomendação Bíblica é pensar “nas coisas que são de cima, ou seja, reconhecer que valor eterno é o verdadeiro e primeiro. Os valores terrenos não podem suplantar as coisas espirituais.

2). Inversão dos Valores de autoridade - A família passa por uma crise de autoridade. Filhos não querem obedecer seus pais, filhos cobrando para ajudar os pais, pais cobrando juros quando emprestam.  Não se ajudam por questão moral e por que esta em família, o dinheiro fala mais alto. Marido e mulher vivem conflitos para saber quem “manda”. Conjuges omitido informações e passando a mão nas cabeças de filhos  tornando homens e mulheres frágeis e inseguros.  Nesses desajustes fica evidente a escuridão que se encontram determinadas famílias. Esta inversão de autoridade no lar tem afetado a sociedade. Não se repeita mais as instituições, os mais velhos, normas, etc. Se há reconhecimento de autoridade na família o reflexo disso será uma sociedade mais justa, pessoas mais respeitadas e normas sendo cumpridas. Se não há respeito a autoridade no lar o que se dirá então fora.

II - PROBLEMAS DE COMUNICAÇÃO - A família enfrenta problemas quando não se alimenta de comunicação regular e genuína.

1) Falhas na Comunicação
Com a vida corrida, Pais e filhos perdem a cada dia o diálogo. Tudo é justificado por alguma circunstância e assim não se investe na comunicação no lar. Fora são educados e pacientes, em casa, ao contrário do que se espera, descarregam suas frustrações, estresses nos filhos, nos cônjuges e nos pais de tal forma que distanciam-se ainda mais um do outro. Além disso a TV, celulares, o trabalho, as atividades na igreja, tornam-se muros nessa comunicação. Veja a seguir alguns pontos sobre falha na comunicação:Falha no dever de ser um modelo consistente; Falha na admissão do erro; Falha por não dar respostas certas a perguntas honestas; Falha no incentivo ao jovem para desenvolver sua identidade pessoal; Falha em saber o que está por trás da aparência, quais são as coisas importantes; Falha em demonstrar aprovação e aceitação; Falha ao desaprovar os amigos do seu filho, sem qualquer esforço para conhecê-los; Falha em dar ao jovem o direito de fracassar; Falha no diálogo com os filhos sobre assuntos delicados; Falha na administração de tempo;

Percebemos por estes pontos que as formas de se comunicar no lar precisam ser revistos, pois precisam estar encharcados de amor e respeito pelo próximo. A forma como se fala, os gestos, a entonação da voz, a veracidade do que é falado, tudo isso será fator importante para se estabelecer uma comunicação sadia.

2) Uma boa comunicação
É preciso ter uma palavra temperada e branda (Pv 15:1; Cl 4:6). Saber falar e como falar. Ouvir o que o outro está dizendo e compreendê-lo também é essencial. Não saia correndo. Não deixe pra depois. Use das oportunidades que tem e desenvolva o hábito de ouvir. Tire tempo para este exercício entre família. Uma boa comunicação também precisa estar marcada de amor e compreensão. Atitudes de amor, respeito e humildade deve ser constante na família que queira viver bem. (ver: Fl 2:3; 1 Pe 3:8)

III - PROBLEMAS COM TEMPO - A família enfrenta problemas quando forças ou pessoas de fora da família invadem o tempo do lar.

O Fator tempo tem sido um dos inimigos das Famílias. A vida frenética, as distâncias e fatores como a escola, amigos, e até mesmo a TV  e computadores são algumas das muitas áreas que precisam ser equilibradas no tempo da família. Muitas já não colocam o tempo juntos como sendo essencial. Famílias precisam aprender a construir uma história juntos. Precisam compartilhar das experiências e para isto tem que ter tempo. Deve-se ter equilibro pois conforme a Palavra de Deus nos diz há tempo para todo propósito debaixo do céu (Ecl 3:1) Nosso desafio é saber aproveitar melhor o tempo.

1) Tempo deve ser investido na família - Investimento. Esta creio ser a melhor Palavra. Em Dt 6 a ordem dada é que os filhos sejam ensinados sobre a lei do Senhor em todas as circunstâncias e tempos. Aproveitar cada acontecimento, cada momento para investir na formação da criança. Além disso, é preciso investir no tempo entre o casal. Cônjuges precisam ter o seu tempo para desfrutarem um do outro.

2) Tempo dedicado a família indica prioridade - O que é importante vem em primeiro lugar. Assim, quando filhos esposa (o) sãos colocado em segundo plano, ou não são priorizados a idéia que logo vem à mente é de que não são os mais importantes. O que se aprende pela Palavra de Deus é que família é uma dádiva de Deus para o homem e a mulher. Muitos não percebem que a família é importante apenas quando a está perdendo. Antes que outros ocupem o espaço que é teu, e o tempo que é teu, priorize sua família.

3) Tempo dedicado a fazer a vontade de Deus - Pedro diz que o tempo que nos resta na “carne” deve ser dedicado em fazer a vontade de Deus. Uma família deve ser ensinada a estar procurando fazer a vontade de Deus (1 Pe 4:2). A “ter” tempo para Deus. Isto precisa ser feito nas apenas quando a família vai a igreja mas também no lar. Outra exortação é a de Paulo que diz para estar orando em todo o tempo. (Ef 6:18). Isto no leva a pensar no tempo que as famílias dedicam para o culto doméstico. Qual o tempo do nosso lar esta sendo dedicado para adorar e ensinar sobre Deus?

IV- PROBLEMAS DE DESENTENDIMENTO - Famílias enfrentam problemas quando não existe compreensão, valorização e respeitos uns com os outros.

Quantos desentendimentos estão acontecendo nas famílias. Reivindica-se o direito, a razão e a prioridade. O resultado dessas atitudes são famílias com feridas profundas, marcadas por histórias tristes e crises nos relacionamentos familiares

a) Membros da famílias precisam se compreenderem mais. - (I Pe 3:8,9) Ser mais tolerante com os filhos. Filhos aceitarem a autoridade dos pais. Cônjuges buscar amor e respeito. Compreender quando não dar para comprar o que gostaria, compreender quando não dá pra fazer a viagem que desejava, compreender algumas atitudes que muitas vezes são frutos do estresses e da pressão do cotidiano. Esposos (as) serem mais compreensivos uns com os outros.

b) Membros da Família precisam se perdoar - Não existe perfeição. Enquanto estivermos aqui continuaremos tendo nossas falhas. Daí nasce a necessidade que em cada família exista a atitude valorosa do perdão (Lc 6:37). Para que se possa viver juntos é preciso aprender a perdoar. Não nos esqueçamos que perdoar é um requisito básico para que Deus também nos perdoe (Mt 6:12). Perdão trás a reconciliação, a paz e a alegria novamente para o lar. Além disso, numa família onde está presente o perdão os relacionamentos se tornam mais forte e existe união.

c) Membros da família precisam evitar interferência externa - A família enfrenta problemas quando necessidades pessoais e reais estão sendo supridas mais fora do lar. Quando não encontra-se segurança no lar busca-se , ainda que de forma errada, esta segurança em outros lugares como: amizades, trabalho, bebida, drogas... Muitos maridos (ou esposas) não se realizam com suas famílias. Não procuram construir juntos. O resultado é uma família fragmentada cujos membros não possuem vínculos. Estão na mesma casa mas não partilham dos sonhos, das alegrias, da vida do lar.

Em suma,

Num mundo dominado pela Ciência e pela tecnologia, o homem mergulhou muito no concreto e perdeu um pouco de sua vida espiritual, de sua fé. Mas ela continua existindo. E pode lhe dar forças para enfrentar essas transformações e torná-las positiva. É preciso que cada um procure os verdadeiros valores dentro de si. Todos sabemos o que é certo e o que é errado.

Mais do que nunca, é necessário fortalecer as sementes boas. Elas germinarão. Nós reclamamos dos erros dos outros, mas não consertamos os nossos. E é por aí que devemos começar. Vencendo o egoísmo, poderemos fazer coisas boas em benefício da coletividade. Elas acabarão recaindo sobre nós. Basta que respeitemos os nossos princípios, tenhamos firmeza em nossas crenças, valores e demonstremos isso em nossos atos concretos. Essa deve ser a contribuição de cada um para um mundo melhor. Não se iludam, existe cônjuge que olha para o seu parceiro e diz: deixa é a modernidade! É aí que as raposinhas infiltram e destrói.

Quantas pessoas acham bobagem, e não dão importância ao tempo que dedicam a família, as palavras que profere, as atitudes que tem para com cada um dos entes queridos. Acham que é obrigação das família aceitarem eles dessa forma. Estas coisas vão se tornando em grandes problemas pela falta de vigilância. As raposinhasrepresentam as falhas” as “palavras, as “atitudes” que parecem ser tão insignificantes, mas, no entanto, sem elas o muro da casa pode cair, e a destruição chegar quando menos se esperar.