segunda-feira, 11 de março de 2024

O perdão é uma promessa ? Perdão não é o mesmo que confiança?

 O perdão é uma promessa

Quando você promete imputar o seu perdão, você credita a conta do seu ofensor com seu perdão, muito semelhante ao que Cristo fez creditando sua conta celestial com a justiça dEle. Você se esforçará para pensar o que é melhor acerca dele, orar por ele e falar bem dele, se possível. Essa promessa, até certo ponto, pode ser feita na forma de um compromisso pessoal em seu coração, mesmo que seu ofensor não reconheça seus pecados contra você. É a isso que às vezes nos referimos como "perdoar alguém em seu coração" (Mc 11.25).

Se ele admitir seus pecados e pedir o seu perdão, você fará essa promessa a ele no momento em que verbalmente conceder o perdão. Nesses casos, você estará fazendo a ele duas promessas adicionais. O de "não lembrar mais de seus pecados" é uma promessa implícita de nunca trazer à tona a ofensa. Se você o perdoou, não há necessidade de discutir a respeito. Pecados similares que ele possa vir a cometer no futuro podem exigir novas confrontações. Além disso, quando você concede o perdão verbalmente a alguém, você está prometendo não fazer fofoca a respeito da ofensa.

Perdão não é o mesmo que confiança.

Se alguém pecar contra você, cabe a você como cristão perdoar do mesmo modo como foi perdoado por Deus em Cristo (Mt 18.21-15). Entretanto, cabe à pessoa ganhar de volta a confiança que perdeu como resultado do pecado. O perdão deve ser imediato. A confiança pode levar tempo (Mt 25.14-31; Le 16.10-12). Negar, porém, a confiança, depois de ter sido merecida, não é amoroso. A Bíblia diz:

"O amor... tudo crê" (1 Co 13.7). Isso significa que se amamos alguém, na falta de provas concretas do contrário, faremos a melhor interpretação possível do que ele faz. Neste caso, acreditar que o fruto do arrependimento que ele produziu é genuíno. E, se você não é capaz de rapidamente confiar em seu ofensor, você precisa confiar em Deus, tanto para operar através da pessoa em sua vida, como para proteger você das consequências que você considera que possam te alcançar.

O perdão não foca nas causas secundárias, mas na soberania de Deus. José teve que aprender a confiar na soberania de Deus. Às vezes pensamos que quando José foi vendido por seus irmãos como escravo (as causas secundárias de seu julgamento) de algum modo ele disse a eles:

"Não se preocupem rapazes, vocês estão fazendo isso por maldade, mas algum dia vocês verão que Deus tornará isso em bem", após essa declaração cantou de modo alegre Rm 8.28 ("Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem"). Mas o que realmente aconteceu foi revelado anos mais tarde por seus irmãos:

Então, disseram uns aos outros: Na verdade, somos culpados, no tocante a nosso irmão, pois lhe vimos a angústia da alma, quando nos rogava, e não lhe acudimos; por isso, nos vem esta ansiedade. (Gn 42.21)

Em última análise, Deus poderia ter evitado as ofensas que nos tentaram à amargura - mas Ele não o fez. O perdão não foca no pecado do ofensor, mas em como Deus (em Sua sabedoria e bondade) pode usar a ofensa para a Sua glória. Devemos considerar que Deus está mais interessado em nossa reação à ofensa do que na ofensa em si." Isso nos leva a outro problema: amargura em relação a Deus. Devemos pensar biblicamente sobre o perdão!

Depois de perdoar, lembre-se de que fez uma promessa ao seu ofensor. Não permita que aquela semente de mágoa se desenvolva em uma raiz de amargura ao alimentar em seus pensamentos. Ore por ele (ofensor) e coloque sua mente no padrão de pensamento de Fp 4.8: "tudo o que é verdadeiro, tudo o que é res-peitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento".

Em vez de rever imagens mentais dolorosas do que aconteceu ou fazer planos de vingança para o futuro (ver o rosto do seu ofensor num alvo de dardos, ou em uma bola de futebol que você está prestes a chutar com força), imagine seu rosto com as palavras: "Eu te perdoei" impressas com realce no meio da imagem. Coloque sua imaginação para funcionar em Fp 4.8. Você ficará surpreso com o quanto se sentirá melhor, como também com a rapidez que esquecerá quando perdoar verdadeiramente. Esquecer é resultado de perdoar, não o meio para isso. Esse é o passo final do processo, não o primeiro.

Mantenha em mente que não é hipocrisia sentir uma coisa e fazer outra (algo totalmente contrário aos seus sentimentos). Provavelmente você fez isso como a primeira coisa desta manhã quando saiu da cama. Hipocrisia é profesSar uma coisa e fazer outra. Se disser aos seus amigos o quanto gosta de levantar cedo, e tendo a possibilidade de levantar cedo não o fizer, isso sim seria hipocrisia.

Entre a carne e o Espírito

 Entre a carne e o Espírito galatas 5.16-18

A vida crista é um campo de batalha no qual se trava uma guerra sem trégua entre a carne e o mas deleite na santidade; é a liberdade do pecado, não a liberdade

1. Como vencer a batalha interior (5.16). A "car-ne" representa o que somos por nascimento natural, e o "Espírito", o que nos tornamos pelo novo nascimento, o do Espírito. A carne tem desejos ardentes que nos arrastam para longe de Deus e levam à morte. O grego epithumia, "concupiscência", geralmente designa o anseio por coisas proibidas.

A única maneira de triunfar sobre esses apetites é andar no Espírito. Se alimentarmos a carne, fracassaremos irremediavelmente. Porém, se andarmos no Espírito, jamais satisfaremos esses apetites desenfreados da carne.

2. Como entender a natureza dessa batalha interior (5.17). Fomos salvos da condenação e do poder do pecado, mas não ainda da sua presença. No coração ainda se trava uma guerra permanente entre a carne e o Espí-rito. Alimentar, portanto, a carne é ultrajar, entristecer e apagar o Espírito. Precisamos sujeitar a vontade ao Espírito em vez de entregar o comando da nossa vida à carne. William Hendriksen fala sobre essa batalha para três grupos de pessoas: a) o libertino não tem esse conflito porque segue inclinações naturais; b) o legalista que confia em si mesmo não consegue vitória nesse conflito; c) o crente experimenta um conflito agoni-zante, mas alcança a vitória, pois o Espírito que nele habita o capacita a triunfar.

3. Como viver livre da condenação do preceito exterior (5.18). Estar sob a lei significa derrota, escravidão, maldição e impotência espiritual, porque a lei não pode salvar (3.11-13,21-23,25; 43,24,25; 5.1). É o Espírito que nos põe em liberdade (4.29; 5.1,5). A lei exige de nós perfeição e por isso mesmo nos condena, pois não somos perfeitos. Estar sob a lei é estar sob maldição, pois maldito é quem não persevera em toda a obra da lei para cumpri-la. Porém, quando somos guiados pelo Espírito, já não estamos debaixo da tutela da lei e, por isso, somos livres

Fuja das obras da carne

 Fuja das obras da carne Gálatas 5.19-21

Paulo lista as obras da carne (e coisas seme-(hantes a estas [5.21]) na vida dos que não herdarão o Reino de Deus. Essas obras podem ser classificadas em cinco grupos.

1. Pecados sexuais - prostituição, impureza, lascívia (5.19). Prostituição indica pecado na área das relações sexuais. Impureza indica profanação geral da personali-dade, manchando toda esfera da vida, Lascívia indica amor ao pecado tão despreocupado e audacioso que a pessoa deixa de se preocupar com o que Deus ou os homens pensam de suas ações.

2. Pecados religiosos - idolatria, feitiçarias (5.20a). Esses pecados falam de ofensa a Deus, pois são uma perversão do culto. Lightfoot diz que se "idolatria" é o impudente culto prestado a outros deuses, "feitiçarias" é o intercâmbio secreto com os poderes do mal.

3. Pecados sociais - inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas (5.20b,21a). Esses oito pecados envolvem transgressões ligadas aos relacionamentos. Inimizade é uma atitude mental que provoca e afronta outras pessoas. Porfias e ciúmes referem-se a rivalidades. Iras são acessos de raiva, e discórdias dizem respeito às ambições interesseiras e egoístas que criam divisões na igreja. Dissensões sugere divi-são, e facções, rompimentos causados por um espírito partidário. Invejas indicam rancores e o desejo profundo de ter aquilo que os outros têm.

4. Pecados pessoais - bebedices, glutonarias (5.21b). Esses têm a ver com a intemperança ou o abuso e a falta de domínio próprio na área de comida e bebida.

5. O julgamento para os que vivem na carne (5.21c). Paulo não está falando de um ato pecaminoso, mas sim do hábito de pecar.

Os que praticam o pecado não herdarão o Reino de Deus. Aqueles que vivem na prática do pecado e não se deleitam na santidade nem mesmo encontrariam ambiente no céu

O que significa que "A boca fala do que está cheio o coração "?

 (Lucas 6:45)

Este versículo é do que às vezes é chamado de Sermão da Planície. Nesta parte do sermão, Jesus nos diz como podemos julgar o caráter de uma pessoa. Fazemos isso da mesma maneira que olhamos para uma árvore ou planta para saber se é uma planta “boa” ou não: “— Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Porque cada árvore é conhecida pelos frutos que produz. Porque não se colhem figos de ervas daninhas, nem se apanham uvas dos espinheiros” (Lucas 6:43–44). Se você quer saber que tipo de árvore ou planta você tem, basta olhar para o seu fruto. Uma pereira soa como uma boa árvore, mas, se você tiver uma pereira Bradford, obterá peras pequenas e não comestíveis do tamanho de bolinhas de gude. O que está dentro – do que a árvore é realmente “feita” – determinará que tipo de fruto ela produzirá. Jesus diz que o mesmo se aplica às pessoas.

Em Lucas 6:45, Jesus diz que as pessoas podem ser julgadas pelo que dizem e fazem porque essas coisas revelam o que realmente está dentro da pessoa: “A pessoa boa tira o bem do bom tesouro do coração, e a pessoa má tira o mal do mau tesouro; porque a boca fala do que está cheio o coração.” Se você quer saber o que há dentro de uma pessoa, simplesmente observe suas ações; ouça o que sai de sua boca regularmente. Isso não é ser crítico; isso é ser realista.

Se uma pessoa é zangada, rude, obscena ou imoral regularmente, você pode ter certeza de que é assim que ela “ épor dentro”. Se uma pessoa é consistentemente gentil, encorajadora e educada, então você pode ter certeza de que é assim que ela “ épor dentro”. Claro, é possível que alguém coloque uma fachada para enganar os outros a respeito de seu caráter, mas numa situação que ela é provocada, eventualmente o que está dentro vai sair. A boca fala da abundância - do transbordamento - do coração.

O principal ponto de aplicação das palavras de Jesus parece ser este: quando vemos o mal consistentemente saindo de uma pessoa em palavras e ações, não devemos nos enganar dizendo: “Acho que ele realmente é uma boa pessoa por dentro; só tem alguns maus hábitos” ou “É assim que ele fala, mas não é realmente assim” é o seu jeito. Quantas pessoas se apaixonam e se casam, pensando que o mau comportamento que observaram é apenas uma aberração? Quantos pais se enganam quanto ao estado espiritual de seus filhos, pensando que são verdadeiros crentes por causa de uma profissão de fé infantil, ainda que suas vidas demonstrem um coração maligno?

Quando Jesus disse: “a boca fala do que está cheio o coração”, Ele quis dizer que palavras e ações pecaminosas consistentes são indicativas de um coração pecaminoso. Em vez de sempre dar às pessoas “o benefício da dúvida”, faríamos bem em reconhecer o “fruto” que observamos e responder de acordo. Ser um “inspetor de frutas” não significa que nos consideramos sem pecado; significa que somos realistas sobre em quem confiar e quem permitimos que exerça influência sobre nós e sobre as pessoas pelas quais somos responsáveis.

Para este mesmo tema Billy Graham diz:

“Se você pudesse comer as suas palavras, a sua alma seria nutrida ou envenenada

A reflexão proposta por Billy Graham nos revela um paradoxo espiritual e psicológico profundamente enraizado na experiência humana. A linguagem, carregando em si o

dualismo eterno do veneno e do antídoto, da maldição e da bênção, possui um poder inegável.

No cerne de nossa condição espiritual, as palavras não são meros sons ou caracteres; elas são a expressão vibrante de nossa essência mais profunda. O que dizemos é, de fato, um reflexo do que somos, um eco de nosso estado interior. Ao nos confrontarmos com a provocação de Graham, somos impelidos a uma introspecção profunda: nossas palavras estão alinhadas com a verdade de quem somo ou desejamos ser?

As palavras que escolhemos podem tanto edificar quanto destruir, não apenas no mundo exterior, onde o impacto é evidente, mas dentro de nós, têm um efeito ainda mais perturbador. Aqueles que encontram prazer em destilar venenos nas redes sociais, ou em qualquer esfera de interação, estão, sem perceber, metaforicamente, ingerindo esse mesmo veneno, permitindo que ele percorra suas veias espirituais, contaminando a fonte de onde emana a vida.

Ao nos voltarmos para dentro, para o silêncio sagrado de nosso ser, encontramos a oportunidade de transformação. A psique humana, moldável e resiliente, oferece o caminho da metamorfose, da transmutação interna que pode transfigurar o fel em doçura. Aqui jaz um profundo ato de amor-próprio e cura: a decisão consciente de filtrar as palavras, de selecionar aquelas que carregam luz e não sombras.

Quando Jesus diz que "a boca fala do que o coração está cheio" (Mateus 12:34), Ele nos desafia a olhar não só para o que nossas palavras dizem sobre nós, mas também para o que elas fazem a nós. Um coração repleto de amargura, medo ou desesperança inevitavelmente transbordará em palavras que refletem essas mesmas sombras. No entanto, ao enriquecermos nosso coração com compreensão, perdão e amor, nossas palavras podem se tornar instrumentos de salvação — primeiro para nós mesmos e, em seguida, para o mundo.

A sabedoria desta perspectiva reside em reconhecer que estamos em constante diálogo com nossa alma. Ao nos expressarmos, estamos não apenas comunicando algo aos outros, mas também nos definindo, reforçando ou transformando aquilo que somos. A palavra é o veículo pelo qual a alma respira, e se o que dizemos pode realmente nos condenar, com essa mesma força, também pode nos elevar a níveis mais altos de existência.

Compreendendo a liberdade cristã


Compreendendo a liberdade cristã - Galatas 5.13-15

Há dois axtremos perigosos com respeito a liberdade cristã: o legalismo e a licenciosidade.

Há quatro verdades sobre a liberdade crista.

1. Não é uma licença para pecar (5.13a). Fomos chamados para a liberdade, e não para escravidão do pecado. Liberdade crista é viver em novidade de vida; não é licenciosi-dade, mas deleite na santidade; é a liberdade do pecado, não a liberdade para pecar.

É uma liberdade irrestrita para aproximar-se de Deus, e não para chafurdar no egoísmo.

2. Não é uma permissão para explorar o próximo (5.13b). O amor deve regular nossos rela. cionamentos. Quem ama não explora, mas serve. Somos livres para amar e servir, e não para explorar o próximo. Como na parábola do bom samaritano, o cristão não agride o próximo nem passa de largo para não se envolver com os feridos, caídos à margem da estrada; mas vê, aproxima-se e cuida do pró-ximo, ainda que seja seu inimigo. Temos de respeitá-lo como pessoa e nos dedicar a ser-vi-lo. Liberdade cristã é serviço, não egoísmo.

3. Não é uma autorização para ignorar a lei (5.14)

Somos libertos da condenação da lei, mas não dos seus preceitos. Não nos aproximamos mais da lei com o propósito de sermos aceitos por Deus; mas porque já fomos aceitos em Cristo, aproximamo-nos da lei para obedecer a Deus. John Stott destaca que, embora não possamos ser aceitos por Deus por guardarmos a lei, depois que somos aceitos continuamos guardando a lei por causa do amor que temos a Deus, que nos aceitou e nos deu Seu Espírito para nos capacitar a guardá-la. A síntese da lei é o amor, o amor a Deus e ao próximo.

4. Não é uma chancela para destruir o próximo

(5.15). Somos livres para amar e servir uns aos outros, e não para devorar e destruir uns aos outros. Nas igrejas da Galácia, os legalistas e os libertinos destruíram a comunhão.

Devemos agir como irmãos, e não como feras ou como cães e gatos sempre envolvidos em conflitos. É o Espírito da vida que habita em nós, e não o instinto da morte

domingo, 10 de março de 2024

GRAÇA E LEI (Jo 8:11) - Jesus quer falar com você agora!!!!

 

"Ninguém, Senhor", disse ela. Declarou Jesus: "Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado".

A Festa dos Tabernáculos terminara, mas Jesus aproveitou a oportunidade para ministrar aos peregrinos que se encontravam no templo. Durante a festa, a notícia espalhou-se rapidamente: Jesus não apenas freqüentava o templo, como ensinava publicamente naquele local (ver Lc 21:37), no pátio das mulheres, onde ficava a tesouraria do templo (Jo 8:20). Os escribas e fariseus sabiam onde ele estaria, de modo que se uniram para tramar contra ele.

Dificilmente um casal era pego no ato de adultério. Imaginamos se o homem (que, em momento algum, foi acusado!) fazia parte da conspiração. De acordo com a Lei, ambas as partes culpadas deveriam ser apedrejadas (Lv 20:10; Dt 22:22) e não apenas a mulher. É um tanto suspeito que o homem tenha sido liberado. Os escribas e fariseus trataram a questão de maneira brutal, interrompendo Jesus enquanto ensinava e empurrando a mulher para o meio do povo.

É evidente que os líderes judeus tentavam colocar Jesus em uma situação sem saída. Se ele dissesse que a mulher deveria ser apedrejada, perderia sua reputação de

"amigo dos publicanos e pecadores". Sem dúvida, o povo o abandonaria e não aceitaria sua mensagem bondosa de perdão.

Mas, se dissesse que a mulher não deveria ser apedrejada, estaria transgredindo a Lei abertamente e poderia ser preso. Em mais de uma ocasião, os líderes religiosos tentaram jogar Jesus contra Moisés e, nessa situação, pareciam ter encontrado uma provocação perfeita (ver Jo 5:39-47; 6:3255;7:40ss)

Em vez de julgar a mulher, Jesus julgou os juízes! Certamente se indignou com a maneira como a trataram e com o fato de esses hipócritas condenarem outra pessoa em lugar de julgarem a si mesmos. Não sabemos o que estava escrevendo no chão de terra do templo. Será que simplesmente lembrava àqueles homens que os Dez Mandamentos haviam sido escritos "pelo dedo de Deus" (Êx 31:18), e que ele era Deus?

Ou, quem sabe, os lembrava da advertência em Jeremias 17:13?

De acordo com a Lei judaica, os acusadores deveriam atirar as primeiras pedras (Dt

17:7). Jesus não pedia que homens sem pecado julgassem a mulher, pois ele era a única Pessoa sem pecado ali presente. Se nossos juízes tivessem de ser perfeitos, os bancos dos tribunais estariam vazios. Antes se referia ao pecado específico da mulher, que poderia ser cometido tanto com o corpo quanto com o coração (Mt 5:27-30). Condenados pela própria consciência, os acusadores saíram de cena em silêncio, deixando Jesus a sós com a mulher. Ele a perdoou e advertiu a que não pecasse mais (Jo 5:14).

Não se deve interpretar esse acontecimento como um exemplo de que Jesus não tratava o pecado com rigor ou de que desrespeitava a Lei. A fim de perdoar essa mulher, um dia Jesus teve de morrer por seus pecados. Além disso, Jesus cumpriu a Lei com tanto zelo que ninguém pôde acusá-lo justificadamente de opor-se a seus ensinamentos nem de menosprezar seu poder. Ao aplicar a Lei à mulher e não a si mesmos, os líderes judeus transgrediam tanto a letra quanto o espírito da Lei - e pensavam estar defendendo Moisés!

A Lei foi dada para revelar o pecado (Rm3:20), e é preciso ser condenado pela Lei antes de ser purificado pela graça de Deus.

A Lei e a graça são complementares, não concorrentes. Ninguém jamais foi salvo por guardar a Lei, mas ninguém foi salvo pela graça sem que antes tivesse sido convencido de seus pecados pela Lei. Antes de haver conversão, é preciso haver convicção da culpa.

O perdão de Cristo em sua graça também não é uma desculpa para pecar. Sua ordem foi: "Vai e não peques mais". "Contigo, porém, está o perdão, para que te temam" (SI 130:4). Essa experiência do perdão repleto de graça deve servir de motivação para o pecador penitente viver em santidade e em obediência para a glória de Deu

DESCONTENTAMENTO UMA VISAO BIBLICA

 

Essas pessoas vivem se queixando, descontentes com a sua sorte, e seguem os seus próprios desejos impuros; são cheias de si e adulam os outros por interesse.

Há três pecados que permanecem detrás do descontentamento: orgulho, rebeldia e descrença. Deve se lembrar que estes foram os pecados originais do diabo e seus anjos e por isso são pecados que vêm do próprio inferno e acabam “infernizando a vida das pessoas descontentes”. Logo, vejamos como eles estão associados ao descontentamento.

1. O descontentamento é uma manifestação de orgulho

Judas escreve, em sua carta, que os ímpios “são murmuradores, são descontentes, andando segundo as suas próprias paixões. A sua boca vive propalando grandes arrogâncias” (Judas 16). Dessa forma, o escritor bíblico conecta descontentamento com arrogância e orgulho.

De fato, o descontentamento flui de um coração que diz: “Eu mereço melhor do que Deus me deu”! E segundo as Escrituras, orgulho foi o pecado original do próprio Satanás (cf. 1Timóteo 3.6). Nesse sentido o puritano Thomas Boston disse: “O diabo é a criatura mais orgulhosa e mais descontente porque o orgulho e o descontentamento ficam sob um mesmo teto”.

A satisfação vem de saber que em Jesus Cristo você tem tudo que precisa. Além do mais, o cristão tem consciência de que Deus lhe deu abundantemente mais do que ele poderia merecer. O que o ser humano merece é o inferno na terra seguido pelo inferno na eternidade. Mas por seu amor e graça, Deus entregou o Seu Filho em favor daqueles que nele creem.

Também, as Escrituras ensinam que Deus nos abençoou com toda benção espiritual em Cristo. Ele nos concede tudo o que é necessário para a vida e piedade (2Pedro 1.3). Em todas as circunstâncias o amor e o cuidado de Deus sustentam seus filhos e lhes concede sua companhia.

2. O descontentamento é uma expressão de rebeldia

No Antigo Testamento, temos a história de Jó, um homem bom e piedoso que foi grandemente abençoado por Deus. Sua família foi abençoada, seu negócio foi abençoado e sua influência se estendia

sobre as pessoas que o conheciam. No entanto, em determinado dia, após uma série de desastres, ele perdeu tudo e em meio à sua dor Jó disse: “O Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor”! (Jó 1.21).

O problema é que a pessoa descontente sempre diz algo diferente daquilo que Jó proferiu. O descontente geralmente verbaliza: “O Senhor deu, mas ele deveria ter dado mais”, ou “o Senhor tirou o que eu tinha, e ele não deveria ter feito isso”. Em outras palavras, o descontente se coloca como juiz do próprio Deus. Ele geralmente coloca deus no banco dos réus e dita o veredito de condenação!

O fato é que o descontentamento é uma expressão de rebelião contra Deus. O apóstolo Paulo questiona veementemente essa atitude. Em Romanos 9.20 ele diz: “quem és tu, ó homem, para discutires com Deus?! Porventura, pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim”? Em outras palavras, essa atitude não é apenas orgulhosa, mas rebelde, pois se recusa a aceitar o que Deus concede! É como se a pessoa estivesse dizendo: “Se não for o eu quero, então não aceito”!

3. O descontentamento é fruto da incredulidade

Essa verdade é claramente ilustrada por um evento registrado em Êxodo 17. Naquela ocasião, o povo de Deus havia sido grandemente abençoado com a libertação do cativeiro egípcio e, por Deus, era conduzido rumo à Terra Prometida. Naquele percurso, Deus alimentou o seu povo com o “maná” no deserto. Todavia, quando a multidão chegou a um lugar onde não havia água, a maioria reagiu dizendo: “está o Senhor no meio de nós ou não”? (Êxodo 17.7).

Essa história é muito interessante, pois o povo de Israel havia sido grandemente abençoado por Deus e ainda assim não reconheceu o cuidado do Senhor. Não é interessante observar que aqueles que são mais abençoados tendem a murmurar e se sentirem descontentes quando suas expectativas não são satisfeitas? Talvez porque tenham recebido tanto e estão tão acostumados a

grandes quantidades que não possuem qualquer paciência ou perseverança durante as estações de escassez.

Também é importante lembrar que o povo se inquietou com a falta de água, o que poderia ser uma preocupação legítima, mas a reação daquelas pessoas foi totalmente pecaminosa. De fato, há momentos na vida quando podemos ter preocupações legítimas sobre como Deus irá fornecer o que precisamos. O problema é que a preocupação legítima dos israelitas se transformou em incredulidade, pois eles questionaram a realidade de Deus entre eles. Semelhantemente, em momentos de descontentamento é provável que os servos do Senhor questionem o seu amor, sua providência e o seu cuidado. Logo, descontentamento pode ser, também, expressão de incredulidade.