quinta-feira, 21 de maio de 2015

Eu nunca te perdoarei! Consequencias

" Você que ser feliz por um instante? Vingue-se! Você que ser feliz para sempre? Perdoe ( Tertuliano)

O escritor Carlos Hernandez no seu livro "Alcançar a paz através do perdão" diz o seguinte: " a mesa da comunhão eucarística exige determinada vestimenta. A vestimenta tem duas peças: a confissão e o perdão".

Lendo este texto me fez lembrar o caso dos irmãos Absalão e Amnon em que Absalão matou seu irmão. Absalão e Amnon não trajavam estas vestes e, ao se colocarem à mesa, em vez de partirem  o pão e celebrarem a comunhão protagonizaram uma nova tragédia familiar - Absalão mata Amnon!

A graça de Deus é infinita, mas as limitações humanas restringem tanto o pedir quanto o conceder perdão e, por isso, nossa visão do perdão é frequentemente legalista ou mecânica.
Quando somos feridos, temos de fato uma decisão bastante difícil pela frente: perdoar ou manter a mágoa? Algumas pessoas dizem com sinceridade, que perdoam, mas não conseguem esquecer o evento que causou a dor, tampouco consegue relacionar-se novamente com quem lhes causou o dano e o sofrimento. Aqui está um erro comum a interpretação do significado do perdão - "perdoar significa esquecer". Se não está certo que perdoar significar esquecer, o que então é perdoar? Talvez a minha resposta não seja teológica, perdoar é:
Perdoar não é esquecer um fato, mas livrar-se da compulsão da repetição. Afirmar continuamente para si que o outro lhe causou dano é, em essência, o movimento circular da neurose e pode tornar doentio. O perdão livra-nos desta compulsão  e este livramento é um sinal de uma saúde emocional. 

Sendo assim, o perdão é o caminho que Deus nos oferece para livrarmos da compulsão neuróticas da rememoração do dano  e da dor sofrida. Perdoar é poder escolher de novo. É reconhecer que os outros não são responsáveis por nossa infelicidade. Entretanto, esse não é um caminho simples. Existem alguns aspectos que precisam ser observados no processo de perdão. Em primeiro lugar, precisamos entender que o perdão é algo em benefício próprio. Por que? Quando posso, de forma honesta e sincera, dizer: fui ferido, fui magoado, não merecia isso, mas aconteceu  e agora quero parar de repetir isso  é decido perdoar o outro, então passo para uma nova dimensão - a liberdade que posso experimentar. Todavia, somos relutantes em perdoar porque, em segundo logar, perdoar é arriscar-se a ser ferido novamente. E se o outro fizer de novo? Dizemos! Vou passar por idiota? Como vai ficar a minha autoestima? É preciso correr esse  risco se desejamos gozar de uma vida  com saúde emocional equilibrada.  Creio eu, que seja este o motivo que Jesus, médicos dos médicos, nos encova a perdoar 70x 7, ele que nossa saúde emocional.

Por fim, o perdão nos leva a criar um novo, qual seja: o perdão conduz a pessoa a um novo âmbito relacional, reafirmando a coparticipação na vida - somos membros uns dos outros e isso nos constitui em um novo modelo de relacionamento. O perdão é a reintegração do filho que estava longe na busca de pervenções  oferecida em outra região, mas que volta a si ( estava louco ) e regressa para a casa do pai. Neste sentido o exercício do  perdão produz em nós uma reestruturação no relacionamento.

Perdoar, portanto, é o movimento que libera não apenas o ofensor, ao separar a intensão da ação, mas também o ofendido, da compulsão neurótica da repetição. Os irmãos Absalão e Amnon não souberam utilizar este movimento para promover a saúde pessoal e familiar. O final foi trágico!

Famílias estão a beira desta tragédia provocando separação de casais, quebra de relacionamentos, inversão de valores, violências físicas e psicológicas porque faltam-lhe perdão! O perdão é uma decisão e tem como consequência a saúde emocional e espiritual.




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