" Você que ser feliz por um instante? Vingue-se! Você que ser feliz para sempre? Perdoe ( Tertuliano)
O escritor Carlos Hernandez no seu
livro "Alcançar
a paz através
do perdão"
diz o seguinte: " a mesa da comunhão eucarística exige determinada vestimenta. A
vestimenta tem duas peças:
a confissão
e o perdão".
Lendo este texto me fez lembrar o caso
dos irmãos Absalão e Amnon em que Absalão matou seu irmão. Absalão e Amnon não trajavam estas vestes e, ao se
colocarem à mesa, em vez de partirem o pão e celebrarem a comunhão protagonizaram uma nova tragédia familiar - Absalão mata Amnon!
A graça de Deus é infinita, mas as limitações humanas restringem tanto o pedir
quanto o conceder perdão
e, por isso, nossa visão
do perdão
é frequentemente legalista ou mecânica.
Quando somos feridos, temos de fato
uma decisão
bastante difícil
pela frente: perdoar ou manter a mágoa? Algumas pessoas dizem com
sinceridade, que perdoam, mas não conseguem esquecer o evento que
causou a dor, tampouco consegue relacionar-se novamente com quem lhes causou o
dano e o sofrimento. Aqui está um erro comum
a interpretação
do significado do perdão
- "perdoar significa esquecer". Se não está certo que perdoar significar esquecer,
o que então
é perdoar? Talvez a minha resposta não seja teológica, perdoar é:
Perdoar não é esquecer um fato, mas livrar-se da
compulsão
da repetição.
Afirmar continuamente para si que o outro lhe causou dano é, em essência,
o movimento circular da neurose e pode tornar doentio. O perdão livra-nos desta compulsão e este livramento é um sinal de uma saúde emocional.
Sendo assim, o perdão é o caminho que
Deus nos oferece para livrarmos da compulsão neuróticas da rememoração do dano e da dor sofrida. Perdoar é poder escolher de novo. É reconhecer que
os outros não são responsáveis por nossa infelicidade. Entretanto, esse não é um caminho
simples. Existem alguns aspectos que precisam ser observados no processo de
perdão. Em primeiro lugar, precisamos entender que o perdão é algo em benefício próprio. Por que?
Quando posso, de forma honesta e sincera, dizer: fui ferido, fui magoado, não merecia isso, mas aconteceu e agora quero parar de repetir isso é decido perdoar
o outro, então passo para uma nova dimensão - a liberdade que posso experimentar. Todavia, somos
relutantes em perdoar porque, em segundo logar, perdoar é arriscar-se a ser ferido novamente. E se o outro fizer
de novo? Dizemos! Vou passar por idiota? Como vai ficar a minha autoestima? É preciso correr esse
risco se desejamos gozar de uma vida
com saúde emocional equilibrada. Creio eu, que seja este o motivo que Jesus, médicos dos médicos, nos
encova a perdoar 70x 7, ele que nossa saúde emocional.
Por fim, o perdão nos leva a criar um novo, qual seja: o perdão conduz a pessoa a um novo âmbito relacional, reafirmando a coparticipação na vida - somos membros uns dos outros e isso nos
constitui em um novo modelo de relacionamento. O perdão é a reintegração do filho que estava longe na busca de pervenções oferecida em
outra região, mas que volta a si ( estava louco ) e regressa para
a casa do pai. Neste sentido o exercício do perdão produz em nós uma reestruturação no
relacionamento.
Perdoar, portanto, é o movimento que libera não apenas o ofensor, ao separar a
intensão
da ação,
mas também
o ofendido, da compulsão neurótica da repetição. Os irmãos Absalão e Amnon não souberam utilizar este movimento
para promover a saúde
pessoal e familiar. O final foi trágico!
Famílias estão a beira desta tragédia provocando separação de casais, quebra de relacionamentos, inversão de valores, violências físicas e psicológicas porque faltam-lhe perdão! O perdão é uma decisão e tem como consequência
a saúde
emocional e espiritual.
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