segunda-feira, 11 de março de 2024

O que significa que "A boca fala do que está cheio o coração "?

 (Lucas 6:45)

Este versículo é do que às vezes é chamado de Sermão da Planície. Nesta parte do sermão, Jesus nos diz como podemos julgar o caráter de uma pessoa. Fazemos isso da mesma maneira que olhamos para uma árvore ou planta para saber se é uma planta “boa” ou não: “— Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Porque cada árvore é conhecida pelos frutos que produz. Porque não se colhem figos de ervas daninhas, nem se apanham uvas dos espinheiros” (Lucas 6:43–44). Se você quer saber que tipo de árvore ou planta você tem, basta olhar para o seu fruto. Uma pereira soa como uma boa árvore, mas, se você tiver uma pereira Bradford, obterá peras pequenas e não comestíveis do tamanho de bolinhas de gude. O que está dentro – do que a árvore é realmente “feita” – determinará que tipo de fruto ela produzirá. Jesus diz que o mesmo se aplica às pessoas.

Em Lucas 6:45, Jesus diz que as pessoas podem ser julgadas pelo que dizem e fazem porque essas coisas revelam o que realmente está dentro da pessoa: “A pessoa boa tira o bem do bom tesouro do coração, e a pessoa má tira o mal do mau tesouro; porque a boca fala do que está cheio o coração.” Se você quer saber o que há dentro de uma pessoa, simplesmente observe suas ações; ouça o que sai de sua boca regularmente. Isso não é ser crítico; isso é ser realista.

Se uma pessoa é zangada, rude, obscena ou imoral regularmente, você pode ter certeza de que é assim que ela “ épor dentro”. Se uma pessoa é consistentemente gentil, encorajadora e educada, então você pode ter certeza de que é assim que ela “ épor dentro”. Claro, é possível que alguém coloque uma fachada para enganar os outros a respeito de seu caráter, mas numa situação que ela é provocada, eventualmente o que está dentro vai sair. A boca fala da abundância - do transbordamento - do coração.

O principal ponto de aplicação das palavras de Jesus parece ser este: quando vemos o mal consistentemente saindo de uma pessoa em palavras e ações, não devemos nos enganar dizendo: “Acho que ele realmente é uma boa pessoa por dentro; só tem alguns maus hábitos” ou “É assim que ele fala, mas não é realmente assim” é o seu jeito. Quantas pessoas se apaixonam e se casam, pensando que o mau comportamento que observaram é apenas uma aberração? Quantos pais se enganam quanto ao estado espiritual de seus filhos, pensando que são verdadeiros crentes por causa de uma profissão de fé infantil, ainda que suas vidas demonstrem um coração maligno?

Quando Jesus disse: “a boca fala do que está cheio o coração”, Ele quis dizer que palavras e ações pecaminosas consistentes são indicativas de um coração pecaminoso. Em vez de sempre dar às pessoas “o benefício da dúvida”, faríamos bem em reconhecer o “fruto” que observamos e responder de acordo. Ser um “inspetor de frutas” não significa que nos consideramos sem pecado; significa que somos realistas sobre em quem confiar e quem permitimos que exerça influência sobre nós e sobre as pessoas pelas quais somos responsáveis.

Para este mesmo tema Billy Graham diz:

“Se você pudesse comer as suas palavras, a sua alma seria nutrida ou envenenada

A reflexão proposta por Billy Graham nos revela um paradoxo espiritual e psicológico profundamente enraizado na experiência humana. A linguagem, carregando em si o

dualismo eterno do veneno e do antídoto, da maldição e da bênção, possui um poder inegável.

No cerne de nossa condição espiritual, as palavras não são meros sons ou caracteres; elas são a expressão vibrante de nossa essência mais profunda. O que dizemos é, de fato, um reflexo do que somos, um eco de nosso estado interior. Ao nos confrontarmos com a provocação de Graham, somos impelidos a uma introspecção profunda: nossas palavras estão alinhadas com a verdade de quem somo ou desejamos ser?

As palavras que escolhemos podem tanto edificar quanto destruir, não apenas no mundo exterior, onde o impacto é evidente, mas dentro de nós, têm um efeito ainda mais perturbador. Aqueles que encontram prazer em destilar venenos nas redes sociais, ou em qualquer esfera de interação, estão, sem perceber, metaforicamente, ingerindo esse mesmo veneno, permitindo que ele percorra suas veias espirituais, contaminando a fonte de onde emana a vida.

Ao nos voltarmos para dentro, para o silêncio sagrado de nosso ser, encontramos a oportunidade de transformação. A psique humana, moldável e resiliente, oferece o caminho da metamorfose, da transmutação interna que pode transfigurar o fel em doçura. Aqui jaz um profundo ato de amor-próprio e cura: a decisão consciente de filtrar as palavras, de selecionar aquelas que carregam luz e não sombras.

Quando Jesus diz que "a boca fala do que o coração está cheio" (Mateus 12:34), Ele nos desafia a olhar não só para o que nossas palavras dizem sobre nós, mas também para o que elas fazem a nós. Um coração repleto de amargura, medo ou desesperança inevitavelmente transbordará em palavras que refletem essas mesmas sombras. No entanto, ao enriquecermos nosso coração com compreensão, perdão e amor, nossas palavras podem se tornar instrumentos de salvação — primeiro para nós mesmos e, em seguida, para o mundo.

A sabedoria desta perspectiva reside em reconhecer que estamos em constante diálogo com nossa alma. Ao nos expressarmos, estamos não apenas comunicando algo aos outros, mas também nos definindo, reforçando ou transformando aquilo que somos. A palavra é o veículo pelo qual a alma respira, e se o que dizemos pode realmente nos condenar, com essa mesma força, também pode nos elevar a níveis mais altos de existência.

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